Confiram a entrevista do Japinha falando sobre tabagismo.
Quem nunca ouviu a frase sexo, drogas e rock’n roll? Expressão que marcou os anos 60 virou requisito para ser roqueiro, é o que a maioria pensa, mas nem todos estão neste mesmo barco. Ricardo “Japinha”, baterista do CPM22, revela como é o dia-a-dia de quem prefere manter distância do tabaco.
Expresso Noturno: Como é a relação dentro da banda, os outros integrantes fumam?
Japinha: “A maioria fuma sim. A fumaça realmente não é nada agradável para quem não fuma. Eu respeito o fato de eles fumarem e eles respeitam minha opção, por mais que seja contrária ao habitual dentro de uma banda de rock.”E N: Você já fumou? Teve curiosidade de experimentar?
J: “Sim, mas logo de cara não gostei. Sempre fui contra o consumo de substâncias químicas ou naturais que não fizessem bem ao corpo humano. Daí fica fácil dizer não a qualquer tipo de oferta como essa.”
E N: Como lidar com essa imagem de que rock também pode ser feito sem drogas?
J: “O bom é que me faz bem saber que estou passando algo positivo para os jovens, cuidando de mim mesmo e fazendo simplesmente o que acredito e que não me custa nada.”
E N: Muitos adolescentes começam a fumar por curiosidade e outros para mostrar “poder”, qual recado você mandaria a estes jovens?
J: “A curiosidade matou o gato… E muita gente também. Fumar pra demonstrar poder é bobeira, pois o poder verdadeiro vem de outras fontes. Especialmente de dentro da gente, nas idéias, nas atitudes, nas palavras e na sua história de vida. O que você constrói, por exemplo. Auto-destruição, como fumar, se drogar, etc., só leva à uma diminuição de poder, em especial do poder de viver bem, transmitir coisas boas, viver mais e mais saudável.”
E N: Antigamente existiam dois festivais financiados pela indústria do tabaco, Hollywood Rock e Free Jazz, qual seria a sua reação caso sua banda fosse convidada a tocar em um evento desses?
J: “Esta pergunta é curiosa, porque me faz lembrar de um show que fui em uma das edições do Hollywood Rock, onde os Smashing Pumpkins se apresentou e a baixista Darcy disse a seguinte pérola: ‘É uma pena termos que tocar no Brasil sob o patrocínio de uma marca de cigarros’. Fiquei mais encantado ainda com a banda e com a baixista. Parece hipócrita, tanto ela, quanto eu, que paguei pelo ingresso, mas no fundo, isto reflete uma grande verdade – de que o poder que estas empresas têm é gigante, e legitimado por todos os fumantes que os financiam e pela sociedade, que é condizente. Acho que reagiria parecido com a Darcy numa situação dessas. Mas nunca faria uma propaganda para Philip Morris, por exemplo. Penso que financiar shows de rock ou outros estilos é o mínimo que eles têm que fazer, para compensar o tanto de pulmões que estragam.”
Fonte: Expresso Noturno